Algumas vezes, distraídos, acreditamos ter o controle do nosso destino. Quanta inocência. Os céticos usariam o livre arbítrio como argumento. Não duvido da força das escolhas. Mas como exercer o direito de escolher se nossa vida depende da escolha de tantas outras vidas? O acaso, o que chamamos de destino é isso. E a magia só acontece quando as escolhas coincidem.

Não dá para saber em qual esquina está a glória ou a ruína. Não dá para saber quando nos perderemos ou nos acharemos. Nunca saberemos quando haverá tempo para outro abraço ou outro beijo. O que define a nossa vida são as conjunções de escolhas originadas das mais impensadas direções. É essa intersecção imponderável que nos abençoa e amaldiçoa. Que une e separa. E nessa dança incerta, o futuro é impossível. Só existe o agora. E não há espaço para remorsos e culpas. Foi o destino, ora essa!

Sendo a vida assim, obra do acaso, não dá para viver por viver. É preciso ser intenso, mesmo sabendo breve. E nenhuma história é boba ou pequena. Tudo é grande porque é único e preenche aquele momento. E só nos resta viver o que há para viver. Amar o que há para amar. Gozar o que há para gozar. E no agora seguinte começar outra história, mesmo que seja um remake do último agora. Porque será sempre outro agora, um novo agora.

Tendo a vida essa instabilidade, só nos resta arriscar. Alçar vôo. Se jogar em queda livre, mas só por um milésimo de segundo. Só somos donos da nossa história nesse intervalo mínimo de tempo. Só somos reis da própria vida no breve instante de um piscar de olhos.

E assim, presos à essa condição, não dá para sonhar com a perfeição. Não dá para aprimorar. É preciso improvisar. E depois rir da própria história, não para ser sarcástico, mas para ser profano.

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